Acolher com carinho e paciência


“A adaptação pode ser entendida como o esforço que a criança realiza para ficar, e bem, no espaço coletivo, povoado de pessoas grandes e pequenas desconhecidas. Onde as relações, regras e limites são diferentes daqueles do espaço doméstico a que ela está acostumada. Há de fato um grande esforço por parte da criança que chega e que está conhecendo o ambiente da instituição, mas ao contrário do que o termo sugere não depende exclusivamente dela adaptar-se ou não à nova situação. Depende também da forma como é acolhida” (ORTIZ, Revista Avisa Lá).








Sabemos que no período de adaptação algumas crianças choram ou ficam retraídas na escola e que algumas famílias sentem-se inseguras quanto ao acolhimento que será dado aos seus filhos por parte dos profissionais que atuam no espaço escolar. Assim, faz-se necessário que a escola compreenda estes sentimentos e que tenha alguns cuidados para que todos (alunos e famílias) sintam-se acolhidos em suas angústias e necessidades.  
























“Falamos em adaptação sempre que enfrentamos uma situação nova, ou readaptação, quando entramos novamente em contato com algo já conhecido, mas por algum tempo distante do nosso convívio diário. O processo de adaptação inicia com o nascimento, nos acompanha no decorrer de toda a vida e ressurge a cada nova situação que vivenciamos. Sair de um espaço conhecido e seguro, dar um passo à frente e arriscar-se, tendo como companhia o desconhecido para o qual precisamos olhar, perceber, sentir, avaliar, nos leva às mais diferentes reações: permanecer no espaço seguro e protegido, seguir adiante ou desistir e voltar atrás”  (DIESEL, 2003) 




A participação efetiva das famílias traz boas contribuições para o processo de adaptação, por diversas razões: diminui o medo e a ansiedade (de adultos e crianças), inicia a construção de um vínculo de confiança entre escola e família, valida para a criança a figura do professor como referência e da escola como um lugar seguro. Daí a importância de um planejamento que considere a presença da família na escola. A maior preocupação é em ajudar os pais e as crianças a compreender este momento, para ultrapassá-lo com segurança. 






“Considerar a adaptação sob o aspecto de acolher, aconchegar, procurar oferecer bem estar, conforto físico e emocional, amparar, amplia significativamente o papel e a responsabilidade da instituição de educação neste processo.A qualidade do acolhimento deve garantir a qualidade da adaptação; portanto trata-se de uma decisão institucional, pois há uma inter relação entre os movimentos da criança e da instituição fazendo parte do mesmo processo” 
(ORTIZ, Revista Avisa Lá).







“O choro sempre está presente na nossa vida, sobretudo nos momentos em que não conseguimos expressar apenas em palavras ou gestos o que sentimos, mesmo quando somos adultos ou idosos. Muitas vezes no cotidiano, quando “engolimos” o choro nos sentimos muito mal e depois o choro chega sem controle” (MARANHÃO & FIGUEIREDO, Revista Avisa Lá).     








O choro é uma expressão humana e na infância ele costuma ser mais constante, pois os sentimentos muitas vezes não conseguem ser explicitados com a linguagem oral. No período de adaptação, precisamos ter um olhar atento para o choro ou quaisquer manifestações de angústia, pensando em intervenções diferenciadas para cada “tipo” de choro e para cada criança que chora, usando estratégias diferenciadas até que o choro cesse. Além de oferecer diferentes propostas de atividades, o professor também pode envolver o aluno, aconchegando-o, solicitando seu auxílio na organização de materiais, ou para ajudar os colegas.  Outras estratégias podem ser a mudança de espaço por um momento, a intervenção de outros adultos ou deixar que a criança leve para a escola algum objeto de apego. 

A colaboração da família é essencial, compartilhando com a escola os costumes da criança a fim de que os educadores possam pensar em procedimentos para que a criança pare de chorar.     













Assim, o acolhimento é um princípio a ser considerado em várias situações: nos atrasos na chegada e saída dos alunos, no retorno depois de um tempo afastado por viagem ou doença, um incidente ou acidente durante o período letivo, enfim em todo e qualquer momento podemos viver situações que necessitem de acolhimento e todos devemos estar preparados para realizá-lo da melhor forma, resgatando a humanização das relações na educação.







Volta às aulas: Adaptação das crianças e dos pais


Veja dicas de adaptação das crianças e dos pais na volta às aulas

Escolas de todo o país retomam as atividades entre esta semana e o início de fevereiro. Neste ano, o calendário foi reformulado e as aulas devem começar mais cedo para que o recesso do meio do ano seja conciliado com a Copa do Mundo, a partir do dia 12 de junho. 




O período, mesmo para as crianças que já estão acostumadas com a vida escolar, é de adaptação e exige acompanhamento dos pais.

Especialistas que dão dicas de como ajudar as crianças a passarem mais tranquilamente por este período:

No primeiro dia, não se atrase
Na primeira vez que uma criança vai à escola, as reações variam e, por isso, não há uma normativa única que se aplique a todos os casos, segundo explica a psicóloga e psicanalista Vânia Ghirello Garcia. Mas um comportamento dos pais pode ser chave para evitar problemas no segundo, terceiro e demais dias de aula. "No primeiro dia é importante não atrasar para buscar a criança na escola. Porque, se atrasar, a fantasia que a criança vai criar é que ela foi abandonada, que a mãe não vem mais. E aí, como ela vai para a escola no dia seguinte?"


De acordo com Vânia, é importante cumprir o combinado para que a criança tenha confiança, e isso facilita o processo de adaptação. Em geral, as escolas já têm suas regras sobre a permanência de mães e pais na sala de aula, ou em outro espaço da escola, nos primeiros dias. Mas, assim como em outras novidades na vida infantil –como o desmame–, também vale a regra de que a tranquilidade dos pais ajuda a tranquilizar os filhos. Uma dica de Vânia é conversar com outras mães que estão passando pelo mesmo processo. "Ao ouvir alguém falar de algo pelo qual você também está passando, você fica mais confortável."






Evite frases como 'coitado, vai para a escola'
Nos casos das crianças que já estão na escola, e agora voltam das férias, Andrea Ramal, doutora em educação, afirma que "a criança não entra no ritmo de uma hora para outra, os pais precisam entender e se envolver na dinâmica da volta às aulas".

A especialista diz que esta é uma ótima oportunidade para que os pais reforcem a importância do estudo e evitem frases do tipo "agora acabou a brincadeira" ou "coitado, vão começar as aulas, vai ter de voltar para a escola".



 Segundo ela, "frases assim passam a ideia de que o estudo, prazer e diversão são opostos. Pais devem falar para as crianças que esta é uma época para evoluir, fazer amigos, que o estudo acrescenta, e mostrar que é algo valioso".


Se houver resistência por muito tempo, procure a escola
O período de adaptação na escola é um momento de crescimento para o aluno que vai sair de sua zona de conforto, conhecer novos colegas, novos professores, segundo Andrea. "É positivo para a criança, desenvolve outras competências, como a inteligência emocional."

Apresentar resistência no início é natural, mas os pais devem observar se a criança tem problema de adaptação por muito tempo. Neste caso, o ideal é procurar a escola para verificar se há um problema específico.

Mudança de escola exige paciência
Quando o filho vai para uma escola nova, em uma turma que já tem grupos de amigos formados, os pais devem acompanhar sua adaptação de maneira próxima. Se a substituição ocorreu por conta de uma mudança de cidade ou de bairro, a criança pode se sentir deslocada por ter quebrado laços afetivos. Andrea sugere ao pais acompanhar a criança de perto para que ela tenha a certeza de que não está sozinha. "Se possível, levá-la e buscá-la na escola, perguntar como foi o dia, mostrar interesse."


site: G1 (27/01/2014)